Quielze Apolinario Miranda, 19, é da igreja Adventista do Sétimo Dia, que prega o recolhimento da hora em que anoitece nas sextas-feiras até o fim do dia dos sábados.
Aluna do 1º ano do curso de relações internacionais da USC (Universidade Sagrado Coração), instituição fundada por freiras católicas em Bauru na década de 1950, Quielze nunca foi às aulas noturnas às sextas e aos sábados e corria o risco de ser reprovada por faltas.
Ela diz ter tentado negociar com a reitoria para apresentar trabalhos alternativos. A USC, de acordo com a estudante, negou em várias instâncias o pedido.
"Geralmente, em outras faculdades é mais fácil. O pastor entrega uma cartinha falando sobre liberdade religiosa e o aluno consegue a dispensa", afirma. "Aqui, não consegui."
TRABALHO EXTRACLASSE
No último dia 16, o advogado da aluna, Alex Ramos Fernandez, entrou com mandado de segurança na Justiça Federal de Bauru.
Solicitou a substituição das atividades das 18h das sextas às 18h dos sábados por "prestações alternativas", como trabalhos extraclasse.
"O que ela estava buscando era uma igualdade para preservar o sentimento e a intimidade religiosa dela", diz.
"Nesses casos o aluno até estuda mais, pois os professores dão trabalhos mais elaborados do que assistir a uma aula. Não há uma quebra de isonomia entre os alunos."
O juiz da 3ª Vara Federal de Bauru, Marcelo Zandavali, concedeu uma liminar que obriga a USC a oferecer atividades alternativas.
De acordo com o texto, a USC alegou que faltava ao requerimento da aluna "amparo legal".
O magistrado discordou da instituição e baseou sua decisão nos artigos 5º e 9º da Constituição e na lei paulista nº 12.142, de 2005, que assegura ao aluno esse direito em respeito à sua religião.
A USC informou que só vai se manifestar depois de ser oficialmente notificada.
Segundo o advogado de Quielze, que é adventista e se especializou em casos como o dela, a Justiça vem atendendo, nos últimos anos, aos pedidos de alunos adventistas e judeus, que também guardam os sábados.
A igreja Adventista do Sétimo Dia, religião cristã que surgiu nos anos 1840 nos Estados Unidos, tem como doutrina a crença que Jesus voltará -o advento- e que os mortos dormem, inconscientes, até a ressurreição. Existe no Brasil desde 1894.
Fonte: Folha de São Paulo
Nota: Parabéns à Quielze pelo testemunho! Primeiro tentou uma negociação amigável com a universidade e só depois de ter seu direito negado procurou a justiça. Já tive que procurar soluções para poder terminar o meu curso de Geografia na Universidade Estadual de Maringá e graças a Deus não tive maiores problemas, no geral, os professores foram compreensivos comigo, me dando trabalhos alternativos quando caia uma aula no sábado (aula de campo, principalmente) e tive a oportunidade de cursar disciplinas que caiam na sexta-feira à noite na sexta de manhã. Como bem escreveu Michelson Borges em seu blog, só esclarecendo que os adventistas do sétimo dia reservamos o sábado bíblico para atividades religiosas e humanitárias, e não nos "fechamos para o mundo" nesse dia tido por nós como separado dos demais, por ser o dia memorial da criação (Gênesis 2: 1-3), o dia em que mantemos um contato maior com nosso Criador. Que Deus continue abençoando a Quielze em seus estudos e vida cristã![ALM]
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