[Coloquei o título acima entre aspas porque é assim que foi publicado no site da revista Galileu, dando mais uma contribuição para o esforço de convencer as pessoas de que a controvérsia entre o criacionismo e o evolucionismo seria uma questão de ciência x religião. Ao longo do texto, meus comentários seguem entre colchetes. – MB]
Está em andamento, aqui no Brasil, mais uma tentativa de dar um verniz de respeitabilidade científica ao velho criacionismo, a ideia de que os seres vivos da Terra não evoluíram de forma natural [note o conceito de macroevolução aqui; depois vou destacar o exemplo de evolução que eles dão e de como altera o conceito inicial], mas foram magicamente criados pelo Deus judaico-cristão-islâmico. [E o surgimento da vida a partir da não vida e da informação genética a partir do nada, não se trata de “mágica”? Ou é o quê? Uma “singularidade”, palavra usada quando não se quer admitir o milagre?] Nas redes sociais, volta e meia pipocam convites para eventos, em escolas e universidades, com palestrantes comprometidos com a tese [conheço muitos palestrantes também comprometidos com a “tese” darwinista]. Para evitar confronto direto, no caso de instituições públicas, com as leis que proíbem o uso de recursos do Estado para a promoção de ideias religiosas [embora alguns se valham de influência para promover ideias ateístas, o que não é sinônimo de laicismo] – e, também, para mais facilmente seduzir os incautos [criacionistas são sedutores em busca de incautos, viu essa?] – os organizadores costumam evitar menções explícitas ao criacionismo, a Deus ou à religião em seu material de divulgação, mas as entrelinhas sempre revelam o verdadeiro objetivo: promover o ideário criacionista como uma “alternativa científica” à Teoria da Evolução. [Sabe por que palestrantes criacionistas evitam essa palavra? Por causa do preconceito. Para serem ouvidos e terem suas ideias consideradas – e é simplesmente isso o que eles querem –, os criacionistas precisam contra a vontade “esconder o jogo”, caso contrário, são sumariamente censurados, silenciados antes mesmo de abrir a boca. E é assim também com muitos criacionistas que trabalham em centros de pesquisas e em instituições de ensino, que evitam declarar abertamente suas convicções a fim de não serem perseguidos e/ou discriminados.]
Em termos espirituais, é claro que cada um é livre para crer no que quiser. Mas quando ideias religiosas tentam se passar por ciência, um pouco de ceticismo vem a calhar [o ceticismo sempre vem a calhar, inclusive para colocar à prova ideias filosóficas – como o naturalismo do primeiro parágrafo deste texto – que procuram posar de ciência experimental; curiosamente, os teóricos da Teoria do Design Inteligente nunca utilizam argumentos religiosos em seus discursos e estudos. São ouvidos? Não, porque são chamados de criacionistas disfarçados. E, assim, os evolucionistas garantem o silêncio dos discordantes, esquecendo-se de que a ciência sempre avançou justamente porque muitos cientistas sempre consideraram o contraditório e estiveram abertos a rever suas ideias; isso até que o evolucionismo fosse alçado à posição de “maior ideia que a humanidade já teve” e ser blindado contra qualquer tipo de ataque]. Em ciência, uma “teoria” é um conjunto articulado de explicações bem testadas que dá conta de uma ampla série de fenômenos. Por exemplo, a Teoria da Relatividade Geral explica coisas como o movimento dos planetas em torno do Sol e a expansão do universo. [Ok, a relatividade e mesmo a gravidade podem ser constatadas empiricamente por meio de experimentos simples e reprodutíveis. Mas pergunto: Que tipo de experiência observável e reprodutível permite confirmar as alegações sobre a macroevolução supostamente iniciada há bilhões de anos e supostamente em curso desde então?]
No parágrafo acima, é importante dar ênfase especial à expressão “bem testadas”: toda teoria nasce como hipótese – uma proposta de explicação para algum fato conhecido – e se consolida à medida que permite entender coisas que, para as hipóteses concorrentes, são mistérios; e também à medida que faz previsões que se confirmam. [Muitas coisas que os evolucionistas defendem e nas quais acreditam não são “mistérios” para os criacionistas, apenas são interpretadas de modo diferente, à luz de outra cosmovisão que também se vale do método científico.]
A Evolução das Espécies é um caso clássico de teoria bem consolidada [!]: ela não só dá conta dos fatos tal como eram conhecidos no tempo de seus autores, Darwin e Wallace – por exemplo, a adaptação das espécies a seus ambientes [percebeu como o discurso é subitamente alterado para se tratar de “microevolução”? No primeiro parágrafo, quando chamei sua atenção, a conversa tinha que ver com macroevolução e naturalismo filosófico. E essa estratégia é típica: fala-se de macroevolução e apresentam-se evidências de “micro”] – como ainda permitiu entender fenômenos sem explicação clara naquela época, como extinções [o criacionismo também explica, sob sua ótica, o tema das extinções em massa; o problema é que elas não adicionam luz ao problema da origem da vida. Adaptações e extinções ajudam a explicar por que certos organismos estão por aqui, mas não como eles surgiram para ficar por aqui]. E previu, certeira, não só que a Terra deveria ser muito mais velha do que se imaginava no século 19 [na verdade, a geologia é que se adaptou aos apelos da teoria da evolução por uma Terra extremamente antiga, a fim de que houvesse tempo supostamente suficiente para o hipotético longo processo evolutivo], como também que todos os seres vivos têm um ancestral comum, algo magistralmente confirmado mais de cem anos depois, graças aos avanços da biologia molecular no século 20. [Fosse assim, as teorias a respeito do hipotético e desconhecido “ancestral comum” não viveriam mudando, com múltiplas “árvores da vida” derrubadas e reconstruídas ano após ano.]
Em comparação, o criacionismo, quaisquer que sejam seus méritos como doutrina religiosa, funciona muito mal como hipótese científica: ou ele não prevê nada (afinal, supõe-se que Deus pode fazer o que quiser do jeito que quiser, enquanto que a ciência, para prever, pressupõe [que bom que admitem, aqui, que as causas naturais são pressuposições abraçadas a priori] causas naturais amarradas por leis e limitações) ou só faz previsões fracassadas (como a de que a Terra teria surgido há poucos milhares de anos). [E as previsões criacionistas, baseadas na Bíblia não em pressuposições, de que os organismos estariam diminuindo de tamanho e complexidade? De que seriam encontrados fósseis de animais e de plantas de grande porte por todo o planeta, em decorrência de um sepultamento rápido sob água e lama? De que quanto mais os estudos em microbiologia avançassem, mais e mais complexidade irredutível seria detectada nos seres vivos? De que as centenas de alegados “órgãos vestigiais”, na verdade, teriam funções e teriam sido assim classificados por causa da nossa ignorância sobre eles? E por aí vai...]
A vacuidade científica da tese criacionista leva seus cultores a atacar a evolução. [Não se trata de “ataque” – algo que este artigo da Galileu acaba fazendo contra os criacionistas –, mas de discussão, de levantamento de dados, de questionamento de uma ideia um tanto filosófica que posa de ciência empírica.] É uma manobra típica de quem, sabendo que não tem nada a oferecer, tenta dar a impressão de que o adversário também é vazio, estabelecendo, assim, uma falsa equivalência. [Se o criacionismo é assim tão fraco, por que a recusa em debater?]
Mas a evolução não é uma hipótese vazia: é uma teoria bem consolidada, que sobreviveu a inúmeros testes e que, se estivesse errada, teria sido desmentida, nos últimos 150 anos, pela geologia, pelo registro fóssil, pela biologia molecular. Só que não foi. [A microevolução conta com evidências sólidas, mas a microevolução ocorre em níveis taxonômicos bem baixos e é limitada. A macroevolução não dispõe de evidências e é defendida por meio de extrapolações de mentes banhadas pelo naturalismo filosófico. Mas alguma revista “científica” fala sobre isso?]
Fonte: Galileu
Está em andamento, aqui no Brasil, mais uma tentativa de dar um verniz de respeitabilidade científica ao velho criacionismo, a ideia de que os seres vivos da Terra não evoluíram de forma natural [note o conceito de macroevolução aqui; depois vou destacar o exemplo de evolução que eles dão e de como altera o conceito inicial], mas foram magicamente criados pelo Deus judaico-cristão-islâmico. [E o surgimento da vida a partir da não vida e da informação genética a partir do nada, não se trata de “mágica”? Ou é o quê? Uma “singularidade”, palavra usada quando não se quer admitir o milagre?] Nas redes sociais, volta e meia pipocam convites para eventos, em escolas e universidades, com palestrantes comprometidos com a tese [conheço muitos palestrantes também comprometidos com a “tese” darwinista]. Para evitar confronto direto, no caso de instituições públicas, com as leis que proíbem o uso de recursos do Estado para a promoção de ideias religiosas [embora alguns se valham de influência para promover ideias ateístas, o que não é sinônimo de laicismo] – e, também, para mais facilmente seduzir os incautos [criacionistas são sedutores em busca de incautos, viu essa?] – os organizadores costumam evitar menções explícitas ao criacionismo, a Deus ou à religião em seu material de divulgação, mas as entrelinhas sempre revelam o verdadeiro objetivo: promover o ideário criacionista como uma “alternativa científica” à Teoria da Evolução. [Sabe por que palestrantes criacionistas evitam essa palavra? Por causa do preconceito. Para serem ouvidos e terem suas ideias consideradas – e é simplesmente isso o que eles querem –, os criacionistas precisam contra a vontade “esconder o jogo”, caso contrário, são sumariamente censurados, silenciados antes mesmo de abrir a boca. E é assim também com muitos criacionistas que trabalham em centros de pesquisas e em instituições de ensino, que evitam declarar abertamente suas convicções a fim de não serem perseguidos e/ou discriminados.]
Em termos espirituais, é claro que cada um é livre para crer no que quiser. Mas quando ideias religiosas tentam se passar por ciência, um pouco de ceticismo vem a calhar [o ceticismo sempre vem a calhar, inclusive para colocar à prova ideias filosóficas – como o naturalismo do primeiro parágrafo deste texto – que procuram posar de ciência experimental; curiosamente, os teóricos da Teoria do Design Inteligente nunca utilizam argumentos religiosos em seus discursos e estudos. São ouvidos? Não, porque são chamados de criacionistas disfarçados. E, assim, os evolucionistas garantem o silêncio dos discordantes, esquecendo-se de que a ciência sempre avançou justamente porque muitos cientistas sempre consideraram o contraditório e estiveram abertos a rever suas ideias; isso até que o evolucionismo fosse alçado à posição de “maior ideia que a humanidade já teve” e ser blindado contra qualquer tipo de ataque]. Em ciência, uma “teoria” é um conjunto articulado de explicações bem testadas que dá conta de uma ampla série de fenômenos. Por exemplo, a Teoria da Relatividade Geral explica coisas como o movimento dos planetas em torno do Sol e a expansão do universo. [Ok, a relatividade e mesmo a gravidade podem ser constatadas empiricamente por meio de experimentos simples e reprodutíveis. Mas pergunto: Que tipo de experiência observável e reprodutível permite confirmar as alegações sobre a macroevolução supostamente iniciada há bilhões de anos e supostamente em curso desde então?]
No parágrafo acima, é importante dar ênfase especial à expressão “bem testadas”: toda teoria nasce como hipótese – uma proposta de explicação para algum fato conhecido – e se consolida à medida que permite entender coisas que, para as hipóteses concorrentes, são mistérios; e também à medida que faz previsões que se confirmam. [Muitas coisas que os evolucionistas defendem e nas quais acreditam não são “mistérios” para os criacionistas, apenas são interpretadas de modo diferente, à luz de outra cosmovisão que também se vale do método científico.]
A Evolução das Espécies é um caso clássico de teoria bem consolidada [!]: ela não só dá conta dos fatos tal como eram conhecidos no tempo de seus autores, Darwin e Wallace – por exemplo, a adaptação das espécies a seus ambientes [percebeu como o discurso é subitamente alterado para se tratar de “microevolução”? No primeiro parágrafo, quando chamei sua atenção, a conversa tinha que ver com macroevolução e naturalismo filosófico. E essa estratégia é típica: fala-se de macroevolução e apresentam-se evidências de “micro”] – como ainda permitiu entender fenômenos sem explicação clara naquela época, como extinções [o criacionismo também explica, sob sua ótica, o tema das extinções em massa; o problema é que elas não adicionam luz ao problema da origem da vida. Adaptações e extinções ajudam a explicar por que certos organismos estão por aqui, mas não como eles surgiram para ficar por aqui]. E previu, certeira, não só que a Terra deveria ser muito mais velha do que se imaginava no século 19 [na verdade, a geologia é que se adaptou aos apelos da teoria da evolução por uma Terra extremamente antiga, a fim de que houvesse tempo supostamente suficiente para o hipotético longo processo evolutivo], como também que todos os seres vivos têm um ancestral comum, algo magistralmente confirmado mais de cem anos depois, graças aos avanços da biologia molecular no século 20. [Fosse assim, as teorias a respeito do hipotético e desconhecido “ancestral comum” não viveriam mudando, com múltiplas “árvores da vida” derrubadas e reconstruídas ano após ano.]
Em comparação, o criacionismo, quaisquer que sejam seus méritos como doutrina religiosa, funciona muito mal como hipótese científica: ou ele não prevê nada (afinal, supõe-se que Deus pode fazer o que quiser do jeito que quiser, enquanto que a ciência, para prever, pressupõe [que bom que admitem, aqui, que as causas naturais são pressuposições abraçadas a priori] causas naturais amarradas por leis e limitações) ou só faz previsões fracassadas (como a de que a Terra teria surgido há poucos milhares de anos). [E as previsões criacionistas, baseadas na Bíblia não em pressuposições, de que os organismos estariam diminuindo de tamanho e complexidade? De que seriam encontrados fósseis de animais e de plantas de grande porte por todo o planeta, em decorrência de um sepultamento rápido sob água e lama? De que quanto mais os estudos em microbiologia avançassem, mais e mais complexidade irredutível seria detectada nos seres vivos? De que as centenas de alegados “órgãos vestigiais”, na verdade, teriam funções e teriam sido assim classificados por causa da nossa ignorância sobre eles? E por aí vai...]
A vacuidade científica da tese criacionista leva seus cultores a atacar a evolução. [Não se trata de “ataque” – algo que este artigo da Galileu acaba fazendo contra os criacionistas –, mas de discussão, de levantamento de dados, de questionamento de uma ideia um tanto filosófica que posa de ciência empírica.] É uma manobra típica de quem, sabendo que não tem nada a oferecer, tenta dar a impressão de que o adversário também é vazio, estabelecendo, assim, uma falsa equivalência. [Se o criacionismo é assim tão fraco, por que a recusa em debater?]
Mas a evolução não é uma hipótese vazia: é uma teoria bem consolidada, que sobreviveu a inúmeros testes e que, se estivesse errada, teria sido desmentida, nos últimos 150 anos, pela geologia, pelo registro fóssil, pela biologia molecular. Só que não foi. [A microevolução conta com evidências sólidas, mas a microevolução ocorre em níveis taxonômicos bem baixos e é limitada. A macroevolução não dispõe de evidências e é defendida por meio de extrapolações de mentes banhadas pelo naturalismo filosófico. Mas alguma revista “científica” fala sobre isso?]
Fonte: Galileu
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