segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A capa que as semanais não deram

Quando descobre um fóssil duvidoso tido por algum especialista como “elo perdido” ou coisa que o valha, a mídia geralmente faz aquele estardalhaço. Por que, então, silenciaram sobre a primeira descoberta arqueológica referente a Jesus e Sua família? O ossuário (urna funerária) de Tiago data do século 1 e traz a inscrição em aramaico “Tiago, filho de José, irmão de Jesus” (Ya’akov bar Yosef achui d’Yeshua). Oculto por séculos, o ossuário foi comprado muitos anos atrás pelo engenheiro e colecionador judeu Oded Golan que não suspeitou da importância do artefato. Só quando o renomado estudioso francês André Lemaire viu na urna, em abril de 2002, a inscrição na língua falada por Jesus, foi que se descobriu sua importância. O ossuário foi submetido a testes pelo Geological Survey of State of Israel e declarado autêntico. Segundo o jornal The New York Times, “essa descoberta pode muito bem ser o mais antigo artefato relacionado à existência de Jesus”.

O livro O Irmão de Jesus (Editora Hagnos, 247 p.) trata justamente da descoberta do ossuário de Tiago. A autoria é de Hershel Shanks, fundador e editor-chefe da Biblical Archaeology Review, e de Ben Witherington III, especialista no Jesus histórico e autor de vários livros sobre Jesus e o Novo Testamento. O prefácio é do próprio Lemaire, especialista em epigrafia semítica e autoridade incontestável no assunto. Hershel conduz a história de maneira muito interessante, revelando os bastidores da descoberta e as reações a ela, afinal, o ossuário, além de autenticar materialmente o Jesus histórico, afirma que Ele tinha um irmão chamado Tiago, filho de José e, possivelmente, também de Maria. Segundo a revista Time, trata-se de “uma história de investigação científica com alta relevância para o cristianismo”, talvez por isso mesmo deixada de lado por setores da mídia secular e antirreligiosa.

A despeito de todas as evidências a favor da autenticidade do ossuário, somente agora, depois de muita investigação, o veredito foi dado: a urna mortuária é autêntica. Mas o assunto foi capa de alguma semanal? Apenas a revista IstoÉ fez menção ao assunto, mas preferiu falar sobre “sedução” na matéria de capa. Estaria a mídia tão seduzida pelo naturalismo/secularismo que prefere não destacar matérias que confirmam fatos relacionados com o cristianismo? A título de contraponto, isso mereceria também reportagem de capa na Superinteressante ou na Veja, já que o neoateísmo militante e as especulações teológicas liberais sempre passeiam pelas páginas dessas publicações.

Segundo a revista IstoÉ desta semana, a discussão em torno do ossuário nasceu em 2002, quando Oded Golan revelou o misterioso objeto para o mundo. “A possibilidade da existência de um depositário dos restos mortais de um parente próximo de Jesus Cristo agitou o circuito da arqueologia bíblica. Seria a primeira conexão física e arqueológica com o Jesus do Novo Testamento”, diz a semanal. “A peça teve sua veracidade colocada em xeque pela Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA). Em dezembro de 2004, Golan foi acusado de falsificador e a Justiça local entrou no imbróglio. No mês passado, porém, o juiz Aharon Far-kash, responsável por julgar a suposta fraude cometida pelo antiquário judeu, encerrou o processo e acenou com um veredito a favor da autenticidade do objeto. [...]. Nesses cinco anos, a ação se estendeu por 116 sessões. Foram ouvidas 133 testemunhas e produzidas 12 mil páginas de depoimentos.”

Um dos entrevistados da reportagem foi o professor do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp) e especialista em arqueologia pela Universidade Hebraica de Jerusalém, Rodrigo Pereira da Silva. Ele acredita que todas as provas de que o ossuário era falso caíram por terra. “A paleografia mostrou que as letras aramaicas eram do primeiro século”, diz. “A primeira e a segunda partes da inscrição têm a mesma idade. E o estudo da pátina indica que tanto o caixão quanto a inscrição têm dois mil anos.”

“A participação de peritos em testes de carbono-14, arqueologia, história bíblica, paleografia (análise do estilo da escrita da época), geologia, biologia e microscopia transformou o tribunal israelense em um palco de seminário de doutorado”, compara IstoÉ. “Golan foi acusado de criar uma falsa pátina (fina camada de material formada por microorganismos que envolvem os objetos antigos). Mas o próprio perito da IAA, Yuval Gorea, especializado em análise de materiais, admitiu que os testes microscópicos confirmavam que a pátina onde se lê ‘Jesus’ é antiga. ‘Eles perderam o caso, não há dúvida’, comemorou Golan.”

De certa forma, foi bom que tantos especialistas – entre os quais muitos céticos quanto à autenticidade da urna – tenham estudado o artefato. Assim, as dúvidas que pairavam sobre o objeto foram dissolvidas. Resta, agora, esperar que a imprensa dê o braço a torcer a admita tudo o que o ossuário nos revela.

(Michelson Borges, jornalista e mestre em teologia)

Fonte: Criacionismo

Veja ainda: Veredito: ossuário do irmão de Jesus é verdadeiro

5 comentários:

Cida Kuntze disse...

Olá!
Muito interessante essa matéria.
Abraços!

André Luiz Marques disse...

Realmente é um artigo muito interessante e fiz questão de republicar aqui, Cida. Quando se trata da confirmação do evangelho, de modo geral a mídia secular não dá a importância devida (e em alguns casos, se cala). Mas...

"Eles sabem quem Deus é, mas não lhe dão a glória que ele merece e não lhe são agradecidos. Pelo contrário, os seus pensamentos se tornaram tolos, e a sua mente vazia está coberta de escuridão" (Romanos 1:21 - NTLH).

Elyson Scafati disse...

E o mais engraçado, André é que havia um ossário que falava de Yeshua bar Youssef e o de uma criança chamada yehuda bar Yeshua...

Também havia o de uma mulher chamada Marian e o de uma Mírian e, ambas não tinham nada a ver uma com a outra segundo exames de DNA.

Infelizmente, devido a fundamentalistas religiosos de Israel, esses ossos não puderam ser analisados a fim de se traçar uma relação de parentesco entre as pessoas que estavam na tumba de Talpiot.

se formos ver, O imortal Jesus, cuja figura, mais tarde, passou por intenso processo de bricolagem de mitos, não passou de um ser humano como qq outro.

Nasceu de pais humanos, viveu, casou, teve um filho, foi condenado por subversão, morreu, foi enterrado, não ressucitou, foi descoberto no sec.XXI, fundamentalistas, como sempre, atrapalhando a ciência e os seus ossos perderam-se para sempre. E o mito continua.

assista ao filminho abaixo e siga na sequência:

http://www.youtube.com/watch?v=9QGU-7ks1tk&feature=related

Elyson Scafati disse...

Desse modo, André, caso se prove a existência de uma pessoa, não se prova automaticamente qualquer de seus atributos.

Entre Jesus ter existido e ser um ser divino, existe muita distância, a qual não é coberta por meros relatos realizados muito posteriormente à época em que tal pessoa eventuamente tenha vivido.

Certamente, se Jesus era um ser humano devia ter uma família, ao menos um pai (que não era uma divindade) e uma mãe.

Há muito esse caso já foi analisado e já deu pano para manga.

Assim, não culpe a mídia por não dar repercussão ao caso e tampouco a acuse de neoateísta.

A mídia não podem sair por ai trombeteando qq coisa. Um caso desse que envolve muita ciência tem de ser analisado com critérios.

A partir do momento que se pode ter uma conclusão é que o caso é divulgado com detalhes.

Mas claro, contestar uma ideologia é pecado.

Jesus não precisa ser uma criatura divina. Basta que seus fiéis mirem-se no exemplo desta figura.

A ressurreição não é vc se levantar dos mortos e Jesus vir aqui novamente.

A vinda dele deve ser compreendida como a crença em suas supostas palavras e mirar-se em seu exemplo, colocando em prática toda sua doutrina.

Não há julgamento nem apocalipse. Há sim que o homem compreender que se trata de uma irmandade. Assim, o lobo e o cordeiro poderão conviver e a cobra não mais será venenosa e agressiva.

Isso é o que literalistas perdem e ficam numa inútil espera pelo fim do mundo e pela volta de um messias.

Elyson Scafati disse...

Além do mais, André, acho que a tumba de Talpiot (se for realmente o túmulo da família de Jesus, pois pelo filme e pelo livro nada se confirmou diretamente) pode ser uma prova que realmente o tal Yeoshua bar Youssef tenha existido, o que reforça a tese proposta pelo cristianismo acerca de suas primeiras ideias e de seu divulgador inicial.

No entanto, seria isso um "tiro no pé" do cristianismo, no que consiste ao dogma da ressurreição, pois revela a condição meramente humana de Jesus.

Daí, os cristãos devem pensar no que é mais cômodo:

demonstrar que Jesus existiu de fato;

esquecer o assunto;

ou ficar com o que interessa e varrer o que não convém para baixo do tapete (nessa aqui os judeus fundamentalistas prestaram um grande serviço ao cristianismo).

Analise... pense...

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