segunda-feira, 23 de abril de 2012

Querem amordaçar professor criacionista


Não bastassem o grupo de acadêmicos que enviou carta à Academia Brasileira de Ciências em repúdio ao criacionismo e certos sites de divulgação científica que proíbem comentários com conteúdo criacionista, agora há quem queira por meio da lei amordaçar o professor criacionista que “ousou” ensinar algo diferente da ortodoxia darwinista. O professor de História do Colégio Adventista de Várzea Grande, MT, Toni Carlos Sanches (foto acima), resolveu dar uma aula diferente a respeito de fósseis. Conforme descrição publicada no Portal da Educação Adventista, a intenção dele foi a de simular experimentalmente a produção de fósseis e verificar como eles teriam se formado e se seriam mesmo necessários os alegados milhões de anos para que seres vivos acabassem mineralizados.

É sabido que, para que haja fossilização, são necessários fatores como sepultamento rápido (para evitar a decomposição do animal ou que ele seja devorado por predadores/carniceiros) e grande quantidade de água e sedimentos. O fato de haver incontáveis animais e plantas fossilizados em todo o mundo, incluindo-se aí dinossauros de grande porte, cuja fossilização exigiria enormes quantidades de lama e sepultamento rápido, indica que deve ter havido um grande evento catastrófico no passado que promoveu extinções em massa. Muitos desses animais foram realmente pegos de surpresa, tanto que foram encontrados peixes fossilizados no exato momento em que devoravam a presa ou animais no instante em que davam à luz. Além disso, evidências indicam que os dinossauros morreram afogados, tendo sido, posteriormente, fossilizados. 

Também não é novidade para ninguém que a Rede Educacional Adventista ensina o criacionismo (confira aqui), além do evolucionismo. Em 2008, a revista Veja publicou uma reportagem na qual exaltava as qualidades da educação adventista, ao mesmo tempo em que “estranhava” o fato de essa escola tão distinta ensinar o criacionismo (confira aqui). Conforme destaquei aqui no blog [Criacionismo], na semana seguinte à publicação daquela matéria, Veja publicou oito cartas de leitores, todos elogiando o sistema educacional. Meu e-mail também foi publicado e reproduzo-o aqui para, em seguida, voltar à aula do professor Toni: 

“A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional estabelece que os alunos devem criticar objetivamente as teorias científicas como constructos humanos de representação aproximada da realidade, que essas teorias estão sujeitas a revisões e até a descarte e que o ensino médio tem entre suas finalidades habilitar o educando a ser capaz de continuar aprendendo, a ter autonomia intelectual e pensamento crítico. Fui professor de história num colégio adventista em Florianópolis e hoje sou editor na Casa Publicadora Brasileira (editora adventista), por isso posso garantir que tanto nas aulas quanto em nossos livros didáticos cumprimos o que recomenda a LDB, uma vez que estimulamos o pensamento crítico dos alunos ao apresentar-lhes os dois modelos das origens e permitir que façam comparações e identifiquem as insuficiências epistêmicas do darwinismo.” 

O que o professor Toni fez foi ensinar o contraditório e permitir aos alunos desenvolver o senso crítico/comparativo (coisa que me foi negada em meus tempos de aluno do ensino fundamental). O que o professor Toni fez foi seguir a recomendação da LDB, segundo a qual o aluno deve aprender a ter “autonomia intelectual”. Mas, lamentavelmente, a intenção dele foi distorcida e a aula sobre fósseis virou motivo de acalorado debate no Facebook. Tivesse ficado apenas no debate, já teria valido a pena, pois o debate, quando respeitoso (infelizmente não é o caso, haja vista os muitos ataques feitos na rede social ao professor e à educação adventista), acaba sendo proveitoso, ainda que apenas para que se conheçam as ideias de quem pensa de maneira diferente. Mas a polêmica “evoluiu” e não ficou apenas na discussão: um professor universitário irado resolveu enviar ao Ministério Público de Mato Grosso denúncia contra o professor de história que ousou ensinar algo diferente para seus alunos, desafiando, assim, o mainstream evolucionista que agora precisa da força da lei para se firmar como hipótese vigente e preponderante, amordaçando seus oponentes em lugar de promover o diálogo e a contraposição educada de ideias. 

A Liga Humanista Secular do Brasil aproveitou a onda e disparou no Facebook: “Colégio Adventista de Várzea Grande: um lugar onde se contam mentiras para crianças. (E caso queiram se agravar com a caracterização do que estão ensinando como ‘mentira’, ficaremos felizes em defender essa tese em qualquer tribunal do país.)” 

É lamentável que se queira vencer essa discussão nos tribunais. É lamentável que alguns queiram dar a entender que das escolas adventistas não saiam bons profissionais e cientistas de renome (gente como os doutores Rodrigo e Nahor, para citar apenas dois exemplos). É lamentável que um professor bem intencionado, seguindo a lei e preocupado com a formação eclética de seus alunos, acabe exposto dessa maneira injusta, vexatória e truculenta. 

A continuar assim em nosso país (e no mundo) essa controvérsia entre o criacionismo e o evolucionismo, estaremos enveredando por um caminho perigoso em que a intolerância, a voz autoritária da lei e a inquisição sem fogueiras levarão muitos à encruzilhada fatal do silêncio forçado ou da liberdade de pensamento – na cadeia ou no olho da rua. 

Lamentável, mas, (in)felizmente, profético. 

(Michelson Borges)

Fonte: Criacionismo


Assista: O que aconteceu com os dinossauros 

4 comentários:

Elyson Scafati disse...

Tenha dó André!!!!

A academia não proíbe o criacionismo, pois ela está POUCO SE LIXANDO Para o que vc acredita em termos religiosos.

Todavia, não é possível querer que crenças e mitos religiosos se travistam de ciência. A proposta desse professoe é o mesmo que em vez de se ensinar estatística em uma universidade, se utilize o i-ching e tarologia para se fazer previsões.

Não existe ortodoxia darwinista, newtoniana,einsteniana,mendeliana ou qq outra. O que existe são EVIDÊNCIAS EVIDÊNCIAS que respaldam ou rechaçam determinadas hipóteses para se construir uma teoria.

O camarada é um professor de história, portanto não tem familiaridade com ciências naturais. Já começa dai.

Fósseis André, não são ossos; são pedra. Ou seja, os osteócitos foram substituídos por minerais e isso somente se dá longe da presença de oxigênio.

Não precisa haver um dilúvio universal para que os fósseis sejam constituídos. Pasta soterramento por avalanches de terra, vulcanismo, terremotos, tsunamis, cheia de um rio, solo movediço em mares, rios, lagos, mangues, areões e desertos. É só isso!!!

E, é claro se vc cair numa armadilha dessas, vc morre e elas, na natureza, não avisam vc com uma plaquinha dizendo: Cuidado!!! Perigo de soterramento!!!

Nenhuma evidência indica afogamento de dinossauros. Isso é um equívoco.

Em qq soterramento vc não respira e a tendência é vc morrer de boca aberta se for soterrado vivo ou se passar por processo de sufocação, como ocorre quando vulcões detonam e emanam dioxido de enxofre, cloro e amônia que em contato com a água de nosso corpo, se transforma em ácido sulfuroso e sulfúrico, clorídrico e amoníaco.

Imagine se vc conseguiria respirar pelo nariz... Sem contar os particulados que transformam seus pulmões e suas vias respiratórias em pedra e sem falar em fluxos piroclásticos como vemos em Pompeia.

Elyson Scafati disse...

[A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional estabelece que os alunos devem criticar objetivamente as teorias científicas como constructos humanos de representação aproximada da realidade, que essas teorias estão sujeitas a revisões e até a descarte e que o ensino médio tem entre suas finalidades habilitar o educando a ser capaz de continuar aprendendo, a ter autonomia intelectual e pensamento crítico.]

Criticar algo objetivamente André, não é dizer que aconteceu algo que nãop aconteceu ou que este algo poderia ter acontecido. É trazer uma evidência clara, concreta de que este algo de fato é plausível.

Revisar uma teoria é ter evidências de que ela não é bem assim, como ocorre com a teoria newtoniana da gravidade, em que a relatividade a revisou.

É como ocorre com a TE, com a síntese evolutiva moderna, e com todo o arcabouço teórico que se desenvolveu em torno dela.

É como ocorre com as origens da vida e o ancestral comum, que Doolitle mostrou haver um quimerismo bacteriano.

Agora, que autonomia intelectual o Colégio Adverntista traz ensinando apenas a vertente criacionista judaico-cristã?

Por que não mostra as diversas visões criacionistas existentes?

Isso é ser crítico e ter autonomia intelectual?

Nenhuma teoria André é absolutamente correta. Todas têm suas insufuciências em sua origem, estrutura, métodos e validade acerca de seu conhecimento, o que é estudado pela epistemologia, onde a crença e a opinião são opostas ao conhecimento.

Para Platão, a crença é um determinado ponto de vista subjetivo, enquanto o conhecimento é crença verdadeira e justificada.

A episteme trabalha com modelagem do conhecimento, ou seja, divide-se o conjunto de mundos possíveis (eventos) entre aqueles que são compatíveis com o conhecimento (o operador sobre os eventos) de determinado campo, e os não compatíveis.

Assim, toda e qq teoria tem seus modelos que se aproximam da natureza sem serem idênticos a ela.

Portanto qq teoria será insuficiente para respondermos de forma cabal o que acontece na natureza.

Mas, quais são "insuficiências epistêmicas" [sic]apontadas pelo Michelson??? É engraçado, ele e o Enézio vivem falando disso mas não apontam nada que seja plausível ou que já não tenha sido respondido adequadamente.

Identificar insuficiências em teorias não respalda uma outra automaticamente. O contraditório deve ser explicado, desde que este tenha o devido suporte técnico para respauda-lo.

O que o professor ai fez foi ensinar religião travestida de ciência, sem considerar ou demais mitos de outras crenças de forma a mostrar aos alunos como os criacionismos diferem conforme a cultura mundial. Em resumo, ele estava fazendo proselitismo barato de sua crença.

Elyson Scafati disse...

Acerca da denúncia do professor ao MP, simplesmente se deu porque ele ensina coisas erradas as crianças, comprometendo o futuro delas.

O MP é sim responsável por guardar os direitos dos menores e um deles é a educação com qualidade.

Não se trata de ensinar algo diferente, mas de se ensinar coisas erradas que acobertam os interesses de uma seita religiosa, o que viola a liberdade de crença, embora estejamos falando de uma escola confessional.

A aula dele seria muito boa se ele falasse das diversas vertentes criacionistas e como estas veem a criação do mundo.

Mas mentir é outra história.

Não distorça as coisas Michelson!!! Mentir é pecado (9 mandamento - NÃO DIRÁS FALSO TESTEMUNHO!!!!). Acho que a bíblia adventista deve ter somente 9 mandamentos, sendo que este fora suprimido de forma a se poder sustentar as sandices criacionistas...

hahahaha!!! Naor um cientista de renome... Ele é o "fator risada" do mundo científico brasileiro. Quanto a Rodrigo é um bom arqueólogo, mas às vezes pisa na bola quando vem com historinhas criacionistas. Só faltou citar o Adauto, o master do "Top Ten" dos "crias" mais desonestos do Brasil.

Quando se atenta contra a qualidade de ensino, a questão tem sim de ir para os tribunais, pois o que se viola aqui são direitos constitucionais.

Portanto, não há qq injustiça ou truculência em se proteger crianças de maus professorer, uma vez que jovens não tem formação e informação suficiente para rechaçar tolices ensinadas em salas de aula.

Elyson Scafati disse...

[A continuar assim em nosso país (e no mundo) essa controvérsia entre o criacionismo e o evolucionismo, estaremos enveredando por um caminho perigoso em que a intolerância, a voz autoritária da lei e a inquisição sem fogueiras levarão muitos à encruzilhada fatal do silêncio forçado ou da liberdade de pensamento – na cadeia ou no olho da rua.]

Mas que drama!!!

Quer pessoas mais intolerantes que fundamentalistas?

Quando a coisa desanda, a lei tem de tomar conta sim e penalizar os culpados.

O professor pode ensinar criacionismo o quanto ele quises, desde que isso se restrinja às aulas de religião e que não travista essas bobagens míticas como ciência.

Que tal André, dizer que Thor matou uma serpente marinha (talvez um elasmossauro) ou que São Jorge matou um dragão(o último dinossauro)?

Viu como o criacionismo é um mito como esses ai que eu te apresentei.

Agora, mentir e iludir pais e crianças é algo muito grave. É por essas razões que apoio Gleiser quando ele disse que criacionistas são criminosos.

http://cienciaxreligiao.blogspot.com.br/2009/10/o-inconformismo-do-pastor.html

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