sexta-feira, 19 de junho de 2009

Biólogo do Unasp fala sobre criacionismo e evolucionismo, em entrevista

O professor Wellington Romagnolli é graduado em Biologia na primeira turma de Ciências e Biologia do Unasp [Centro Universitário Adventista de São Paulo], campus São Paulo, e pós-graduado em Docência do Ensino Superior também pelo Unasp, campus Hortolândia. Criacionista convicto, ele bate o martelo: “Sou criacionista pela fé e pela razão” [esse é dos meus, hehe!], e acredita que qualquer teoria necessita de fé para ser aceita. Para Romagnolli, a origem da vida define totalmente o tipo de pessoa que somos.

Quais são as formas de ensino sobre a origem da vida?

O acaso, chamado evolucionismo e algumas vezes naturalismo, e o planejamento inteligente, que é a criação. Essas são as teorias mais fortes. Entre elas há um dégradé, tentativas de misturar as duas teorias.

O que o impulsionou a dar mais atenção ao debate sobre a origem das espécies?

Eu aprendi que a crença em uma ou outra teoria da origem da vida, afeta profundamente sua visão de mundo, valores e seu destino. Quem você é está ligado ao que você acredita.

O que leva a sociedade a estabelecer forte oposição ao ensino criacionista nas escolas?

Preconceito e desinformação. Só que o que acontece, é que a sociedade vive em praticamente um empate técnico. No Brasil, não há pesquisas em torno desse assunto. Já nos Estados Unidos, as pesquisas feitas apontam que há um empate na sociedade: existem as pessoas que acham correto ensinar o criacionismo nas escolas e as pessoas que pensam não ser possível ensinar o criacionismo de maneira racional.

Você acha que com o pós-modernismo a sociedade não tenta mais impor suas verdades ou a mídia ainda possui uma narrativa evolucionista?

A humanidade ainda quer algo para acreditar, inclusive as pessoas mais estudadas. O evolucionismo não deixa de ser uma narrativa e é passado pela mídia. Mas é necessária tanta fé para acreditar no evolucionismo, quanto no criacionismo.

O ensino da criação prejudica o vestibulando que ingressará em uma universidade que cobra o evolucionismo como resposta correta?

As escolas adventistas defendem o ensino das duas frentes sobre a origem da vida, fazendo isso através de um estudo comparado. Na minha opinião, acho isso muito mais produtivo porque não apresenta a visão só de um. Cria polêmica e quando há polêmica o aluno se interessa mais e aprende mais. O estudo comparado não prejudica o vestibulando e sim enriquece o conteúdo que ele tem.

Quais as questões que o evolucionismo não soluciona?

O evolucionismo tem muita dificuldade em explicar a tremenda complexidade dos sistemas vivos (células, genes). Além disso, o acaso dificilmente consegue explicar a ausência de fósseis intermediários que ligam fósseis de diferentes eras.

Essa ausência de fósseis de ligação é total?

Não, mas não é nem um pouco satisfatória, já que não consegue explicar o aparecimento de inúmeras espécies porque não existem intermediários na camada geológica.

E as questões que o criacionismo não soluciona?

Na questão filosófica, o criacionismo tem dificuldades de explicar a presença do mal no mundo. Por exemplo, um parasita, será que foi Deus que criou? E o pecado? Essas questões o criacionismo tem dificuldade de explicar. Na parte científica, é a datação da Terra. Nós, criacionistas, acreditamos que a Terra é relativamente nova, mas em muitos aspectos ela possui aparência de mais idade.

Quais são os indicadores dessa aparência de idade?

A formação das camadas geológicas leva a crer que a Terra teria mais anos do que o criacionismo diz ter. Outro aspecto são as datações radiométricas (procedimento para calcular a idade de rochas e minerais) que apontam milhões e milhões de anos.

Se Darwin pudesse contemplar as novas teorias e avanços em todas as áreas hoje, sua teoria seria legitimadora ou contrária a já escrita?

É difícil dizer, mas a teoria de Darwin veio antes de todas as descobertas genéticas e antes do desenvolvimento das pesquisas na estrutura do DNA. Talvez, com isso, ele não tentaria propor uma teoria em que o acaso forma um ser tão complexo.

É possível separar criacionismo e religião / evolucionismo e ateísmo?

O povo quer separar. Eu acho difícil. O evolucionista inglês Richard Dawkin é considerado o melhor da atualidade. Ele diz que o evolucionismo deu a base para ele se tornar um ateu. Eu sou criacionista, se você crê em um criador, você quer saber quem é. O pessoal do Design Inteligente quer desvincular o criacionismo de uma divindade. Eles acreditam que alguém criou, mas não querem saber quem foi, e assim, são chamados de evolucionistas disfarçados.

No meio científico, o estigma de “crente” ainda é muito forte para criacionistas declarados?

Muito. O preconceito é muito forte sim. O professor Admir Arrais quase foi impedido de defender sua tese de doutorado na área de genética. Pessoas são impedidas de publicar artigos no meio científico só por serem criacionistas, mesmo que o assunto não tenha nada a ver com criação e evolução.

Como seria o ensino ideal sobre a origem da vida?

Seria um estudo comparado entre criacionismo e evolucionismo, apresentando os melhores argumentos de ambos e deixando o aluno escolher qual visão de mundo o satisfaz mais. Já que não temos conclusões finais, é justo apresentar os dois lados e permitir que o aluno faça a escolha dele. Não há problema um aluno criacionista conhecer bem o evolucionismo e vice-versa. Não diminui o conhecimento, só soma.

Naysa Rabêlo

Fonte: ABJ Notícias - Jornal eletrônico do curso de Jornalismo do Unasp
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Nota: Muito boa a entrevista, gostei! Porém, lembro que a formação das camadas geológicas só leva a crer numa idade bem antiga para a Terra aqueles que ignoram (tanto por não conhecerem como por desconsiderarem) os processos decorrentes do dilúvio descrito na Bíblia. Outra coisa: No cálculo da datação radiométrica existe um erro gravíssimos, ao considerarem o índice de decomposição como sendo uma constante (com base no uniformitarismo), onde as idades teóricas calculadas a partir das relações de isótopos não são verdadeiramente as idades das rochas ou da Terra, mas são simplesmente relações entre os próprios minerais que se originaram na crosta terrestre. Disponibilizo logo abaixo alguns dos estudos que apoiam essas afirmações:

A verdadeira idade da Terra (parte 1 de 7)
A questão do grande tempo geológico e a evidência científica de uma criação recente
Um Exame Crítico da Datação Radiotiva das Rochas

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