Entre os diversos assuntos da pauta, em certo momento, perguntam a Fagundes sobre como a religiosidade lhe acompanha. "Sou agnóstico, o mesmo que um ateu preguiçoso. Não penso em Deus, acho difícil de acreditar. Como é só uma questão de fé, não dá nem para falar sobre. Acredito, sim, no homem ético, naquele que quer se colocar bem diante de seu próximo. Mas não preciso de Deus para isso. Não faço por medo, mas por convicção."
A declaração é sintomática do espírito antirreligoso do século. Não mais o ateu rancoroso (embora dinossauros como Dawkins ainda ocupem suas bancadas), mas o cético desinteressado. Aliás, genial a definição de agnosticismo. O agnóstico não representa um meio termo entre crer e descrer, porque seu pressuposto o leva a apostar no lado da descrença, ainda que ele não entregue todas as moedas para o crupiê, à semelhança do ateu.
Fagundes parece entender o que ele chama de "questão de fé" como algo que tanto faz. Entretanto, isso é minimizar a espiritualidade através da equiparação de todas as crenças. Não me soa racional dizer que tanto faz ser um monge tibetano quanto seguidor de Maitreya, pelo simples fato de que ambas as crenças guardam inúmeras diferenças; ademais, seus seguidores, uma vez moldados por elas, terão vidas completamente distintas.
E o que dizer da crença do ator no "homem ético"? Eticistas seculares partem de uma base antropocêntrica para a construção de seu ideal ético. Mas se tomarmos o homem como linha de partida, teremos no mesmo homem a linha de chegada! A ética centrada no homem e em suas necessidades não leva a fim algum, porque confia demais na vontade humana. O próprio Fagundes confia excessivamente no ser humano, quando dispensa Deus. Ele também se esquece da evidência de que precisamos de um padrão transcendente: a moeda corrente de nossos valores tradicionais se acha compromissada com a ética bíblica.
Nem preciso ir longe para validar a afirmação: quando Antônio Fagundes fala em "se colocar bem diante do próximo", ele recorre, inadvertidamente, a um conceito bíblico - o "próximo". Qualquer pessoa que conheça um pouco de cultura antiga sabe que as civilizações do Antigo Oriente atribuíam valores diferentes às pessoas, quer segundo sua ascendência, status social ou qualquer outro fator. Apenas os hebreus, que aprenderam a ideia de Jeová, partiam do pressuposto de que todos os homens têm inerentemente o mesmo valor. Sem uma justificativa transcendente, a ética não possui referenciais absolutos.
Por último, ao descartar Deus, o galã Fagundes deixa nas entrelinhas sua visão das pessoas cristãs: elas fazem o que fazem por medo, não por convicção. Sim, porque a convicção pertence aos agnósticos, como o próprio Fagundes... Sem dúvida, há pessoas religiosas motivadas pelo medo. Porém, no Cristianismo bíblico, o medo é descartado, pois "o perfeito amor lança fora o medo" (1Jo 4:18). Que bom seria se Antônio Fagundes e tantos outros deixassem de lado a preguiça do agnosticismo e procurassem experimentar esse amor de Deus.
(Douglas Reis)
Ps: Acesse também o blog do Douglas: Questão de Confiança
2 comentários:
Como sempre, parece um mal crônico que assola o sr. Douglas com seus estelionatos intelectuais.
Ética de forma alguma tem ligações com religião, mas com filosofia propriamente dita.
Que podemos dizer da ética bíblica? Se literalmente interpretada, conforme a postura adotada pelo sr. Douglas,, não passa do livro mais amoral e imoral que existe, pois prega morte, destruição, preconceitos e ódios do ser humano contra sua própria espécie.
A ética, se passearmos pela Grécia e Roma a encontraremos nítida e claramente tanto na filosofia como no direito, bem como poderemos encontrá-la na folosofia chinesa, indiana e em religiões como budismo, egípcia, babilônia, persa, africana, ameríndia, romana, dentre outras.
Sem falar nos sistemas de direito adotado por estes povos, cuja base se assentava em sua religião.
Fundamentos éticos não são exclusivos do povo hebreu ou de cristãos, mas de todos os povos da Terra, cada qual dentro de seu sistema de crenças e de convivência.
O sr. Douglas em sua profunda ignorância sobre meu povo e suas tradições, omite que a sociedade hebraica, no passado, também fazia muitas distinções entre as pessoas, como ricos e pobres, sacerdotes e povo, iehudim e goim e homens e mulheres, fato que ainda vigora dentre os mais ortodoxos.
No mais, vejo Fagundes e demais ateus e agnósticos como pessoas bem mais honestas que religiosos. Ateus e agnósticos têm a convicção que devem ser pessoas éticas e não precisam de deuses para tal.
Mas religiosos muitas fezes o fazem por barganha: "serei legal para ganhar a glória quando o messias chegar!!" ou "tenho medo de ser punido, por isso serei legal".
Sou um agnóstico com 99,99% de ateísmo conforme a escala de Dawkins. Este quadro não surge da noite para o dia mas se forma ao longo do tempo.
Desde minha infância, eu era um materialista (uns 70% na escala de Dawkins), pois a ideia de deus me observando causava-me profundo desconforto.
Por volta de minha adolescência, começou meu processo de libertação dessa ideia estúpida de deuses, pois quanto mais via a postura de determinados religiosos e a pregação de suas seitas, mais me enojava de seus deuses e crenças.
Quanto mais meu conhecimento filosófico-religioso-científico aumentava, mais eu abandonava essa ideia de que devo ser legal porque deus me recompensará, mas o devo sê-lo para ajudar a construir um mundo melhor.
Não vou falar mal de todos os religiosos, pois havia raridades, principalmente dentre os seguidores de seitas orientais e espíritas kardecistas, com quem aprendi muito.
Os piores exemplos foram os de seguidores das 3 "religiões do livro", em grau de igualdade, salvo raríssimas exceções.
Mas, voltando ao nosso tema, e o ódio, os preconceitos, o segregacionismo, a ignorância, o fundamentalismo, a desonestidade e as mentiras em nome de suas seitas e de seus deuses, como é que fica?
Se deus existir, acredito que os ateus e agnósticos terão muito mais chances do paraíso que os religiosos de carteirinha como o sr. Douglas "desonesto" Reis.
Douglas, experimentar e saborear o amor dos deuses é em primeiro lugar saber viver.
Em segundo lugar é ser ético, ou seja, não mentir, não ser falso, não lesar linguém, respeitar o outro como pessoa, não ser preconceituoso, não pregar ódios, combater a ignorância, ajudar aquele que precisa sem alardear ao mundo, não se achar o dono da verdade porque vc é isso ou aquilo em termos ideológicos,enfim, é vc estar de bem consigo mesmo e com os demais, ajudando a fazer um mundo melhor para as gerações futuras em vez de esperar pelo apocalipse e a glória do messias porque vc crê em Jesus, como prega a sua seita.
Em terceiro lugar, mantenha sempre seu coração e sua consciência livres de sentimentos negativos, principalmente a soberba e o fanatismo. Em demasia, ambos escravizam e o lançam na obscuridade do inferno aqui mesmo na Terra.
Que análise mais viajada que você colocou em seu blog.
Deixe o "galã" em paz. Ele pode ou não pode acreditar em alguma coisa nesse país, e é necessário fazer uma análise do pensamento alheio só pq é diferente do seu.
Que mania é essa de achar q uma pessoa só é respeitosa/moral/maioral se ela tem uma religiao. E qualquer religia serve pra voces (ou estou errado?) !!!
Só nao serve mesmo ser ateu...q é pecado.
AHHH ME POUPE!!! QUANTA IGNORANCIA!
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