quarta-feira, 5 de agosto de 2009

É preciso humanizar o humanismo dos ateus

Por Heron Santana

Cheguei agora há pouco do interior da Bahia, depois de entrevistar funcionários e residentes do Casa Lar e do Pró-Vida. O Casa Lar é um projeto incrível de assistência a populações urbanas marginalizadas. Pessoas com transtornos mentais leves são enviadas para uma residência, e lá têm acesso a educação, atendimento médico, nutricional, terapêutico, além de aulas de música, fisioterapia e artes. O objetivo é um só: cuidar de pessoas que em muitos casos estão abandonadas até mesmo pela família, ajudando-as a desenvolver suas faculdades mentais. O primeiro abrigo é localizado em Cachoeira, interior da Bahia. Já existe um outro, em Simões Filho, na Grande Salvador, graças ao apoio do Governo do Estado, que acredita na proposta.

Outro projeto é o Pró-Vida. Cuida de pessoas com histórico de dependência química. Conheci Carlos, que chegou ao Pró-Vida em busca de apoio para se livrar das drogas. Estavam afetando seu relacionamento com a família e seu próprio crescimento. Tempos depois de chegar à unidade de tratamento, Carlos se mostra outra pessoa. Trabalha como monitor no Casa Lar e vai casar por esses dias.

Esses projetos são coordenados pela Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (Adra). É uma agência humanitária cristã. Tem cadeira consultiva na ONU. Faz parte de uma rede mundial de instituições cristãs que trabalha para o desenvolvimento humano, como a Cruz Vermelha, a Visão Mundial, e tantas outras.

É fascinante perceber a importância da religião para a transformação da vida humana. É incrível saber que a civilização, tal qual a conhecemos, deve, e muito, aos padrões éticos oferecidos pela religião. E é intrigante ver campanhas orquestradas contra Deus e a religião ganhando força e espaços na mídia. Desde busdoor até colunistas com discursos inflamados contra qualquer manifestação religiosa.

Para essa histeria ateia, a religião que promove uma teia humanitária global é um mal a ser combatido. As razões: torna o homem dependente de uma força externa, enfraquece o posicionamento pelas liberdades individuais, fortalece atitudes extremistas e alimenta o fanatismo.

É um lado da moeda. É unilateral, portanto. Merece tanto crédito quanto condenar genocídios de regimes comunistas ateus e omitir as vítimas de regimes que tinham discurso cristão. O que os neohumanistas parecem esquecer é que em vários países na África, neste momento, há um voluntariado religioso exercendo o amor ao próximo, lutando para minimizar problemas seculares do continente. Esquecem do semi-árido nordestino, onde não são ursos polares que sofrem os efeitos do aquecimento global. Meu respeito aos ursos polares, mas as maiores vítimas do efeito estufa são pessoas como os sertanejos pobres do semi-árido. A Adra está lá, com um projeto decente de agricultura familiar, propiciando geração de renda, segurança alimentar e sustentabilidade ambiental.

Não sei se os novos ateus já visitaram Darfur, Chade, Somália, Ruanda, Haiti. Ou mesmo o semi-árido do Nordeste do Brasil. Faria bem irem lá. Ajudaria a redimensionar uma retórica humanista que desconsidera totalmente o humanismo religioso capaz de salvar, todos os dias, milhões de vidas ao redor do mundo.

Fonte: Outra Leitura

Nota: Heron Santana é formado em Jornalismo pela Unicap e atualmente é assessor de Comunicação Institucional da Igreja Adventista para a região Nordeste do Brasil.

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