sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Gênesis é um relato literal?

Por Leandro Quadros*

Gostaria que você comentasse sobre o texto de Reinaldo José Lopes, publicado no site Globo.com, no dia 16 de maio de 2009. - L.

1. Jesus confirmou a historicidade do Gênesis ao citá-lo como sendo um livro literal. E jamais entendeu que houvesse "dois relatos da criação". Ao dizer que o ser humano foi criado, nem passou pela mente do Salvador a ideia absurda de que pudessem existir contradições na Bíblia. Veja o texto a seguir: "Então, respondeu Ele: Não tendes lido que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne? De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem" (Mateus 19:4-6).

Duvido que Lopes saiba mais sobre a Bíblia - e a cultura hebraica - do que o próprio Jesus Cristo...

2. Pedro também reconheceu a literalidade do Gênesis ao fazer menção ao Dilúvio: "...os quais, noutro tempo, foram desobedientes quando a longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca, na qual poucos, a saber, oito pessoas, foram salvos, através da água" (1 Pedro 3:20).

3. Paulo - homem de grande cultura acadêmica para os dias dele - também acreditava que o Gênesis era literal ao mencionar Adão e citar Gênesis 2:7: "Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante" (1 Coríntios 15:45).

4. Gênesis faz parte do Pentateuco - coleção de cinco livros históricos. Ambos apresentam narrativas de fatos que realmente aconteceram e jamais o autor (Moisés) quis dar ao que escreveu qualquer tom de "poesia" associada a "simbolismo".

5. O fato de o Criador ser mencionado como "Deus" no capítulo 1 e "Senhor Deus" no capítulo 2 não apresenta problema algum na mente de quem estuda a Bíblia com sinceridade. Por que Deus não poderia ser chamado de maneira diferente, sendo que Ele possui vários nomes na Bíblia que descrevem o caráter dEle? Argumento muito simplista o do autor do artigo!

6. O verso 4 do capítulo 2 é a conclusão do relato do capítulo 1! Será que Reinaldo José Lopes não sabe que a divisão da Bíblia em capítulos e versículos veio posteriormente e que o fato de uma frase estar noutro capítulo não indica necessariamente o começo de um novo relato?

7. Segundo o Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, "de maneira alguma se pode considerar que o capítulo 2 seja outra versão do relato da Criação, do capítulo precedente. Seu propósito é colocar Adão e Eva em seu lugar no jardim do Éden, e isso é feito para proporcionar [ao leitor] informação adicional". É por isso que não há no capítulo 1 a informação de que a mulher foi feita da costela de Adão.

8. A respeito do verso 5 - pelo qual o autor do artigo julga apresentar uma "prova" de que o relato é contraditório - afirma o comentário supracitado: "Os versos 4-6 antecipam a criação do homem descrita no verso 7, ao detalhar brevemente a aparência da superfície da terra, particularmente com respeito à vegetação, pouco antes de o ser humano ter sido formado no sexto dia da semana da criação." O articulista deveria usar comentários bíblicos fiéis no estudo da Bíblia para não escrever coisas que não têm apoio algum com base nas regras da hermenêutica.

9. O uso do verbo plural "façamos", em Gênesis 1:26, não é um diálogo entre Deus e Seus "conselheiros angélicos" porque os anjos não têm a prerrogativa de serem criadores (cf. Hebreus 1:14). A Bíblia apresenta a Deus como único Criador (Malaquias 2:10). O verbo no plural nos ajuda a entender o porquê de o nome Deus no primeiro versículo ser usado em forma plural (Elohim): a Trindade estava envolvida na Criação - ver João 1:1-3, Jó 33:4 e Salmo 104:30 (o tal "plural majestático", sim, é uma lenda! Se Lopes prefere acreditar nisso...).

0. A declaração a seguir do articulista também é de pasmar: "O mandamento de guardar o sábado, na maioria dos textos bíblicos, como em Deuteronômio 5, 12-15, não usa a Criação como justificativa, o que parece indicar que a ideia foi introduzida de forma tardia na cultura israelita."

Isso não tem cabimento. Antes de a Lei ser dada no Sinai, o povo já sabia que o sábado deveria ser celebrado como memorial da Criação. Basta ler o episódio do maná em Êxodo 16. Em Deuteronômio 5:12-15, Deus apresenta apenas uma razão adicional para eles observarem o sétimo dia: por terem sido escravos no Egito, deveriam descansar e dar descanso a qualquer pessoa que estivesse sobre a jurisdição deles.

Em Deuteronômio 5:12-15, há também uma aplicação teológica vital para os cristãos de hoje: assim como o povo Israelita observou o sábado também por ter sido liberto da escravidão do Egito, hoje devemos celebrar o sábado também por Deus nos ter libertado da escravidão do pecado por meio de Jesus Cristo (João 8:36).

11. Portanto, a frase "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come" se aplica a Lopes, pois ele tem duas opções: aceitar o que Deus ensina sobre a Criação dEle ou ficar ao lado de Charles Darwin.

E, para finalizar: todo criacionista esclarecido jamais nega a importância da ciência e da explicação evolucionista a respeito da microevolução. O que não aceitamos - assim como os Pais da Ciência e muitos cientistas atuais - é a macroevolução, que jamais foi vista em laboratório...
+++++

*Leandro Quadros é formado pela Universidade do Vale do Paraíba (Univap) e atua como jornalista na Rede Novo Tempo de Comunicação de TV e Rádio, que pertence à Igreja Adventista do Sétimo Dia. Além de apresentador de programa de rádio, é repórter e redator. Pós-graduando em Jornalismo Científico, mantém o blog http://blog.leandroquadros.com Contato: leandro.quadros@novotempo.org.br

Fonte: Outra Leitura

Um comentário:

Elyson Scafati disse...

Engraçado...

Leandro Quadros usa o material contestado como resposta às contestações...

Isso é no mínimo uma circularidade no raciocínio, para não dizer uma DESONESTIDADE INTELECTUAL.

Para conhecer e entender a bíblia, ele deveria primeiro se remeter a muitas histórias de um passado bem longínquo, desde antes da era do bronze, indo fazer uma visita aos sumérios, depois aos acadianos, aos cananitas e por fim aos hebreus, egípcios, babilônios e persas.

Mais tarde deve conhecer o concílio de Nicéia, as "heresias" e os Cátaros, para entender como o cristianismo foi construido, selecionando livros a dedo.

Leandro, não adianta pegar o bonde andando e querer sentar na janelinha.

Para entender a bíblia, vc primeiro tem de se despir de seus preconceitos e do literalismo.

Depois passe a ler os mitos da antiguidade e a entender as relações sócio-culturais dos povos que citei.

Mas no final, que porra tem Darwin a ver com o estudo realizado no artigo? Sequer o nome do ilustre é mencionado!!!

http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL388514-5603,00-BIBLIA+ABRIGA+DUAS+VERSOES+CONTRADITORIAS+DA+CRIACAO+DO+MUNDO.html

No mais, Leandro recomendo que vc fique na teologia mesmo e esqueça teoria evolutiva, pois vc sequer sabe o que é micro ou macro evolução, sendo que sua declaração:

[O que não aceitamos - assim como os Pais da Ciência e muitos cientistas atuais - é a macroevolução, que jamais foi vista em laboratório...]

Isso já mostra que seu conhecimento científico é lastimável, digno de uma criança de primário.

Dica: A esmagadora maioria das evidências científicas não se dão em laboratório, mas indiretamente;

Quais cientistas atuais:
Adauto Lourenço - esse eu até duvido que tenha um diploma descente.

Naor e Eberlin - este defende o DI de forma apaixonada e aquele o criacinismo da mesma forma, mas... não trazem qq evidência de suas mirabolâncias, querendo estabelecer deus como resposta default.

Quem mais seriam? os americanos criacionistas como Guish, Morris e Meyer?

Faça me o favor!!! Crie vergonha na cara seu fariseu!!!Alguém já te disse isso né?)

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