terça-feira, 12 de maio de 2009

Falsa revista científica financiada por laboratório farmacêutico é desmascarada

MARKETING & SAÚDE

Por Rubens Pazza e Karine Frehner Kavalco em 12/5/2009

Duvidar da eficácia, segurança e resultados divulgados pelas empresas farmacêuticas, sem qualquer base, pode ser taxado de extremismo. O caso em questão parece teoria da conspiração, mas, infelizmente, trata-se da mais pura verdade. Denunciada inicialmente há algumas semanas pelo jornal The Australian, uma investigação da revista The Scientist aponta para uma publicação por demais suspeita, patrocinada pela indústria farmacêutica Merck, na gigante editorial de revistas científicas Elsevier.

Cientistas, médicos e acadêmicos foram recrutados pela empresa farmacêutica Merck para endossar artigos que atestam a segurança do seu medicamento Vioxx. Este antiinflamatório, lançado em 1999 e usado por cerca de 80 milhões de pacientes, teve muito sucesso por ser eficiente e não causar problemas estomacais. No entanto, após várias denúncias de problemas cardíacos causados pelo seu uso, o produto foi retirado do mercado em 2004.

A denúncia da manutenção de um periódico destinado à promoção dos produtos da Merck veio à tona durante o julgamento da indústria, em processo por causa dos efeitos colaterais deste medicamento, e foi primeiro divulgada no jornal The Australian, no dia 9 de abril deste ano. De acordo com a denúncia, a Merck, Sharp and Dohme Austrália (MSDA) teria patrocinado vários números de uma publicação da Exerpta Medica, uma subdivisão da gigante editorial Elsevier – a revista Australasian Journal of Bone and Joint Medicine. A revista não é indexada no Medline e não tem website.

Valor do patrocínio não foi revelado

No dia 30 de abril, a revista The Scientist publicou alguns trechos do depoimento do médico australiano George Jelinek, membro de uma associação de editores, que fez a análise das publicações. No depoimento, Jelinek afirma que mesmo para muitos especialistas, os artigos publicados entre 2003 e 2004 parecem tratar de artigos científicos perfeitamente genuínos, que passaram por revisão aos pares, o método tradicional de publicações científicas. No entanto, o médico afirma que "somente uma inspeção profunda das revistas, juntamente com o conhecimento das revistas e convenções de publicações médicas, permitiram que eu pudesse determinar que a revista não era, de fato, uma publicação médica avaliada por pares, mas sim, uma publicação de marketing para a Merck, Sharp and Dohme Australia (MSDA)".

Jelinek também notou que quatro dos 21 artigos do primeiro número da revista eram sobre o medicamento para osteoporose Fosamax (marca registrada de Merk, Sharp and Dohme Australia, certamente). No segundo número, dos 29 artigos, nove eram sobre o Vioxx e 12 sobre o Fosamax. Todos os artigos apontam conclusões positivas para os produtos da MSDA. Outro caso interessante são alguns artigos de revisões publicados, contendo apenas uma ou duas referências, assinados por B & J editorial. Assume-se que B & J sejam as iniciais de Bone and Joint, parte do nome da referida revista. Trata-se de um mecanismo interessante para que os proprietários da revista exponham suas opiniões podendo passar despercebidos por leitores desavisados. Estas publicações podem ser caracterizadas como puro marketing, e nada de científico.
De acordo com as explicações da MSDA, a Elsevier compreende que esta seja uma publicação complementar que leva resumos e compilações de artigos publicados em outras revistas avaliadas por pares e publicadas pela editora, incluindo a respeitada revista Lancet. Entretanto, a Elsevier afirma que não considera uma publicação de compilações como sendo uma revista científica. Embora não apareça em nenhum número da revista, tanto a Elsevier quanto a MSDA afirmam que a publicação era patrocinada pela MSDA, mas o valor não foi revelado.

"Teorias da conspiração"

Como se não bastasse esta revista, a Elsevier admitiu que publicou entre 2000 e 2005 seis revistas patrocinadas por indústrias farmacêuticas que pareciam ser revistas avaliadas por pares, mas não divulgavam o patrocínio. A editora afirma estar reexaminando suas publicações após as denúncias de irregularidades, mas, embora tenha divulgado as revistas patrocinadas, não divulgou quais as empresas farmacêuticas eram patrocinadoras.

As publicações científicas sérias, avaliadas por pares, em geral podem ser de duas formas. Pagas por propagandas e assinatura das revistas e venda de reprints (excerto de determinado artigo individualmente); ou pagas pelos autores e liberadas ao público, em geral gratuitamente.
Não é incomum que as empresas patrocinem números suplementares em revistas indexadas e avaliadas por pares, com compilações de artigos publicados que sejam interessantes para ela, para que possam divulgar e distribuir tais artigos gratuitamente. Essa prática está associada à divulgação da empresa, o que faz com que os leitores tenham em mente que se trata do "lado bom" dos resultados de seus produtos, não descartando um possível "lado ruim". No entanto, o caso da Merck e das outras cinco publicações da Elsevier não passa de puro marketing, com o propósito de enganar os leitores, pela não divulgação de quem está patrocinando a publicação. Ou seja, tal prática pode fazer com que os leitores achem que não há um "lado ruim" no uso destes medicamentos.

É interessante que nada disso tenha sido divulgado pela imprensa brasileira. O que parece uma teoria da conspiração, neste caso, trata-se da mais pura verdade. E o silêncio da imprensa nacional pode reforçar as especulações com relação a outras teorias da conspiração envolvendo corporações...


Nota do blog "Desafiando a Nomenclatura Científica" (12/05/09):

A ciência é um construto feito por humanos tentando explicar a realidade das coisas encontradas na natureza. Uma vez feita por humanos, a ciência está sujeita a episódios assim.

Entre as ciências, o darwinismo é pródigo nessas falcatruas para "corroborar" o fato, Fato, FATO da evolução. Quando apanhados com a mão na cumbuca, como foram no caso do Homem de Piltdown, nos desenhos dos embriões de vertebrados fraudados por Haeckel, e no caso das mariposas de Manchester (Biston betularia), parte da comunidade científica bota a boca no trombone. Razão? Ciência e mentira não podem andar de mãos dadas.

Mesmo assim, o que é mesmo uma, duas, três, quatro, cinco, seis fraudes em nome de Darwin, não é mesmo???
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Nota deste blogger: esta farsa é apenas a ponta do iceberg. Distorções da realidade científica ocorrem a todo momento e mesmo assim os trabalhos são divulgados na mídia. O Brasil passou recentemente do 15º para o 13º lugar (tomou as posições da Rússia e da Holanda, respectivamente) no ranking de países que mais publicam artigos científicos no mundo (confira aqui). Acredito que muitos desses trabalhos elaborados no País e em outras partes do mundo, por interesses de marketing, dinheiro e apologia ao darwinismo, estão embebidos com "pequenas grandes" mentirinhas ou falsidade total, caso da Elsevier. Um disparate. Acho que até mesmo Darwin ficaria envergonhado com as atitudes inescrupulosas de seus discípulos de hoje...

3 comentários:

Karine Frehner Kavalco disse...

Não vejo como o darwinismo pode ser ajudado com supostos artigos falsos. No caso em questão, as revistas recebiam das empresas que lucravam com as vendas dos remédios citados. Ninguém lucra com cência de base, como é a Evolução. Já alguns lucram, e muito, com uma invensão da humanidade, a religião.

André Luiz Marques disse...

Karine:

Talvez isso seja pretexto de uma bióloga frustada com seu paradigma, que, sem ele,todo o estudo ao longo da graduação, mestrado e recentemente doutorado, perdem seu fundamento... (perdendo seu emprego,que é sinônimo de dinheiro,no caso).

O darwinismo é ajudado por serem ocultos os seus erros, em detrimento dos fatos científicos. E,além e se defender este paradigma como um torcedor fiel defende seu time de futebol, o dinheiro é outro (talvez o principal) possível motivo para isso.

Tente escrever um artigo que, utilizando-se de evidências científicas como o expresso design inteligente encontrado nas células, por exemplo, (pense nas células de lambaris) e tente publicá-lo em uma revista tal como a Nature, Science e tantas outras. Possivelmente não conseguirá, porque isso implica a existência de um Designer inteligente, onipotente e oniciente. Mas fica claro que se você escrever um artigo, mesmo que simplório, mas fundamentado nas hipóteses darwinistas, sua chance de publicá-lo em tais revistas serão muito maiores, ainda que sua pesquisa sofra de argumentos não empíricos. Darão um jeito de acomodar seu trabalho junto aos inúmeros publicados lá que, possivelmente, carecem de provas que corroborem com a evolução dirigida pelo acaso "cego e burro".

Ao você generalizar todas as religiões como compactuando com a teologia da prosperidade e com a corrupção, você perde a razão, por, quem sabe, não conhecer a doutrina e a seriedade para com as coisas de Deus de pelomenos uma denominação religiosa, a qual vc já deve presumir eu estar sugerindo.

Elyson Scafati disse...

Realmente André, vc não tem noção nenhuma sobre o que é publicar um artigo em revista científica.

O artigo não é publicado porque o editor o acha bonitinho ou porque vai de acordo com o que ele pensa ou com que paradigma se alinha.

O artigo é publicado somente ter passado por uma revisão por pares formal (aquela que não se sabe quem é o revisor e nem o revisado).

Caso seja reprovado, não vai à publicação.Ou é rejeitado de pronto, ou tem de ser revisado.

Mas é claro que o Lelénézio (ou seria Ideologienézio) não perderia essa para exercitar sua retórica vazia à macaco Simão. E vc, claro, seguiria trombeteando atrás dele.

Claro que ninguém publicaria artigos sobre DI que inferissem a existência de um projetista ou o diabo que seja.

Se fosse um artigo falando do desenho inteligente da casca do ovo (uma curva catenária perfeita) tudo bem. Mas daí a dizer que um ser além da compreenção fez isso, sinto muito.

Prove que este ser existe e depois discutiremos suas propriedades exóticas e suas habilidades.

Mas afinal André, por que tanto combate a TE, até com invenções descabidas como as do Invenciosenézio ou Conspiracenézio?

É por que vai contra a ideologia religiosa de fundamentalistas e se trata de um risco às finanças é isso?

É como disse a Karine, ciência de base não dá camisa a ninguém, mas aplicar essa ciência de base em algo prático, ai sim.

Mas ameaças que podem fazer fieis debandarem de sua igrejinha... ai o bicho pega!!!! Mexeu com o meu dinheiro mexeu comigo!!!!

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