terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A Historicidade Confiável do Livro de Daniel

Muitos não acreditam na veracidade dos relatos bíblicos, inclusive o referente à história do profeta Daniel. O que a arqueologia descobriu sobre o caso? O seguinte artigo li em "Arqueologia Bíblica", subdivisão do blog Criacionismo, de Michelson Borges, baseado nos estudos do teólogo adventista do 7º dia Luiz Gustavo Assis e esclarece nossa possível dúvida:
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Há pelo menos três bons motivos para acreditarmos que o livro de Daniel é confiável do ponto de vista histórico e que de fato foi escrito no 6º século antes de Cristo:

1) A arqueologia tem reconstruído as informações históricas do livro de Daniel.

a) Toda a história desse profeta hebreu se passa na cidade de Babilônia. Os críticos da Bíblia afirmavam que se Babilônia realmente houvesse existido, não passaria de um pequeno clã. A arqueologia demonstrou o oposto. Os resultados dos estudos do arqueólogo alemão Robert Koldewey, feitos entre 1899 e 1917, provaram que Babilônia era um grande centro econômico e político no Antigo Oriente Médio na metade do 1º milênio a.C. (600 a.C.).

b) Outro ponto de questionamento era sobre a existência ou não de Nabucodonosor, rei de Babilônia na época do profeta Daniel. Mais uma vez a arqueologia resolveu a questão trazendo à luz muitos tabletes que foram encontrados nas ruínas escavadas por Koldewey com o nome Nabu-Kudurru-Usur, ou seja, Nabucodonosor! Não é incrível como um tablete de 2.600 anos consegue esmiuçar teorias fundamentadas no silêncio?

c) Assim como a opinião dos críticos teve que ser radicalmente mudada a respeito de Babilônia e de Nabucodonosor, o mesmo aconteceu com Belsazar, o último rei da Babilônia. Críticos modernos não concordavam com essa informação. Novamente a arqueologia refutou essa opinião. Vários tabletes cuneiformes confirmam que Nabonido, o último rei de Babilônia, deixou seu filho Bel-Shar-Usur (Belsazar) cuidando do Império enquanto ele estava em Temã, na Arábia. Você pode confirmar em Daniel 5:7 que Belsazar ofereceu para Daniel o terceiro lugar no reino, já que o pai, Nabonido, era o primeiro e ele, Belsazar, o segundo.

d) Até os amigos de Daniel estão documentados nos tabletes cuneiformes da antiga Babilônia. Foi descoberto um prisma de argila, publicado em 1931, contendo o nome dos oficiais de Nabucodonosor. Três nomes nos interessam: Hanunu (Hananias), Ardi-Nabu (Abed Nego) e Mushallim-Marduk (Mesaque). Incrível! Os mesmos nomes dos companheiros de Daniel mencionados nos capítulos 1, 2 e 3 de seu livro! Um grande defensor dessa associação é o adventista e especialista em estudos orientais William Shea, em seu artigo: “Daniel 3: Extra-biblical texts and the convocation on the plain of Dura”, AUSS 20:1 [Spring, 1982] 29-52. Hoje esse artefato encontra-se no Museu de Istambul, na Turquia.

Resumindo: as informações históricas do livro de Daniel são confirmadas pela arqueologia bíblica.

2) Por muitos anos os defensores da composição do livro de Daniel no 2º século a.C. se valeram das palavras gregas do capítulo 3 para “confirmar” a autoria da obra no período helenístico. Essa opinião apresenta dois problemas sérios:

a) Há ampla documentação do relacionamento entre os gregos e os impérios da Mesopotâmia antes mesmo do 6º século a.C. Nos registros do rei assírio Sargão II, por exemplo, fala-se sobre cativos da região da Macedônia (Cicília, Lídia, Ionia e Chipre). Se os judeus em Babilônia eram solicitados para tocar canções judaicas (Salmo 137:3), por que não imaginar o mesmo com os gregos? Um poeta grego chamado Alcaeus de Lesbos (600 a.C.) menciona que seu irmão Antimenidas estava servindo no exército de Babilônia. Logo, não nos deve causar espanto algum o fato de termos na orquestra babilônica instrumentos gregos.

b) Se o livro de Daniel foi escrito durante o período de dominação grega sobre os judeus, por que há apenas três palavras gregas ao longo de todo o livro? Por que não há costumes helenísticos em nenhum dos incidentes do livro numa época em que os judeus eram fortemente influenciados pelos filósofos da Grécia? Esse fato parece negar uma data no 2º século a.C.

Resumindo: o fato de existirem palavras gregas no terceiro capítulo de Daniel não prova sua composição no 2º século a.C., pelo contrário, intercâmbio cultural entre Babilônia e Grécia era comum antes mesmo do 6º século a.C.

3) Daniel foi escrito em dois idiomas: hebraico (1:1-2:4 e 8:1-12:13) e aramaico (2:4b-7:28).

Diversos nomes no estudo do aramaico bíblico (Kenneth Kitchen, Gleason Archer Jr, Franz Rosenthal, por exemplo) afirmam que o aramaico usado por Daniel difere em muito do aramaico utilizado nos Manuscritos do Mar Morto que datam do 2º século a.C. Para Archer Jr., a morfologia, o vocabulário e a sintaxe do aramaico do livro de Daniel são bem mais antigos do que os textos encontrados no deserto da Judéia. Não só isso, mas que o tipo da língua que Daniel utilizou para escrever era o mesmo utilizado nas “cortes” por volta do 7º século a.C.

Resumindo: o aramaico utilizado por Daniel corresponde justamente àquele utilizado em meados no 6º século a.C. nas cortes reais.

Qual a relevância dessas informações para um leitor da Bíblia no século 21? Gostaria de destacar dois pontos para responder esta questão:

1) Como foi demonstrado acima, Daniel escreveu seu livro muito antes do cumprimento de suas profecias. Logo, isso nos mostra a Soberania e Autoridade de Deus sobre a história da civilização. Se Deus é capaz de comandar o futuro, Ele é a única resposta para os problemas da humanidade.

2) A inspiração das Escrituras. O livro de Daniel se mostrou confiável no ponto de vista histórico e, consequentemente, profético. Essa é a realidade com toda a Bíblia, que graças a descobertas de cidades, personagens e inscrições, mostra-se verdadeira para o ser humano.

O livro de Daniel, longe de ser uma fraude, é um relato fidedigno. Ao escavarmos profundamente as Escrituras e estudarmos a História, podemos perceber que a Bíblia é um documento histórico confiável.

Luiz Gustavo Assis é formado em Teologia e atua como Capelão no Colégio Adventista de Esteio, RS.

Um comentário:

Elyson Scafati disse...

André, historicidade é uma coisa e dizer que o livro de Daniel é profético é outra.

Vejamos: hoje poss escrever um livro de história que relata o descobrimento do brasil. Isso é fácil, pois o fato já ocorreu. Porém, não posso dizer o que irá acontecer no ano 2.300, pois não tenho a menor ideia e, "bola de cristal" com poderes mágicos não existe.

[Se o livro de Daniel foi escrito durante o período de dominação grega sobre os judeus, por que há apenas três palavras gregas ao longo de todo o livro? Por que não há costumes helenísticos em nenhum dos incidentes do livro numa época em que os judeus eram fortemente influenciados pelos filósofos da Grécia? Esse fato parece negar uma data no 2º século a.C.]

Esta colocação é no mínimo nonsense. Judeus se encontravam sob o jugo macedônico a esta época. Macedônicos eram inimigo e judeus, como qq povo da Terra, não gostavam de inimigos. O livro de daniel traz uma mensagem de força ao povo e não profética. É para o povo da época, com base em histórias do passado e problemas da época.

Assim, não ha nada de profecia neste livro. Lembrando que a profecia vem ao gosto do freguês e se ajusta a qualquer fato ou época, pois sua linguagem é altamente imprecisa.

Quanto ao item 3, há muitas controvérsias sobre a afirmação nele contida. O escritor do livro pode ter se valido de uma estilística erudita, o que ainda hoje é feito quando queremos nos remeter, por exemplo a uma peça que rememora o barroco.Outro ponto, é que podemos nos valer de documentos históricos e copiá-los em nosso livro. daí, teremos um escrito com uma linguagem antiga. com isso , a tese que vc aventa de o livro ser antigo, é no mínimo duvidosa.

há duas razões principais para localizar o livro de Daniel no século II a.C.:

- algumas profecias parecem se referir a Antíoco IV Epífanes (175-163 a.c.), e que a maior parte das profecias - pelo menos daquelas cujo cumprimento foi demonstrado - teriam sido escritas depois de ocorridos os acontecimentos descritos, as profecias de Daniel devem localizar-se com posterioridade ao reinado de Antíoco IV.

- as seções históricas de Daniel contêm o registo de acontecimentos que não concordam com os fatos históricos conhecidos, estas diferenças podem ser explicadas se o autor não tivesse vivido os acontecimentos, e portanto só possuísse um conhecimento limitado do que tinha ocorrido 400 anos antes, nos séculos VII e VI a.c.

Dentre essas incoerências entre relatos do Livro de Daniel e os fatos históricos, pode-se citar:

Não houve uma deportação em 605 AC;

Baltasar é filho de Nabônides e não de Nabucodonosor;

Dário, que é persa e não medo, é um dos sucessores de Ciro e não seu predecessor;

O ambiente babilônico é descrito com termos de origem persa;

Os instrumentos da orquestra de Nabucodonosor trazem nomes transcritos do grego;

Daniel não é mencionado no Eclesiástico, que relaciona os profetas de Israel em 48:22 e 49:7-8.10.

Além do que, a doutrina sobre os anjos, o costume de evitar o nome de Iahweh e outros elementos não são do período do Exílio na Babilônia, mas bem posteriores.

Assim, dizer que a arquerologia leva á historicidade do livro, é fato, porém, dizer que por isso ele é profético é uma falácia.

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